O manifesto apoio a Serra foi declarado pelo jornal em um editorial que será publicado amanhã em sua edição em papel e que foi antecipado hoje em seu site, sob o título "O mal a evitar".
O jornal respondeu assim a uma declaração de Lula, que esta semana, em um comício da candidata do PT, Dilma Rousseff, afirmou que existem meios de comunicação no Brasil que "são uma vergonha, pois se comportam como um partido político, mas não têm coragem de dizê-lo".
O presidente protestou assim por informações que, nas últimas semanas, revelaram escândalos de corrupção na Casa Civil, que até março passado era ocupado por Dilma, que custaram o cargo da sucessora da candidata, Erenice Guerra, que renunciou pressionada pelas denúncias.
As declarações de Lula foram condenadas por intelectuais, juristas e pela própria imprensa, e geraram críticas inclusive do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre, que as considerou como "algo perigoso".
O editorial diz que "Lula, que tem o mal hábito de perder a compostura, tem também todo o direito de não gostar da cobertura que quase todos os meios de imprensa deram à escandalosa deterioração moral do Governo que preside".
Segundo o jornal, "Lula se equivoca, pois há uma enorme diferença entre se comportar como um partido político e assumir uma posição em uma disputa eleitoral na qual estão em jogo valores essenciais ao aperfeiçoamento, ou a própria sobrevivência, da democracia no país".
Nesse âmbito, diz que "com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, O Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos".
Em clara referência a uma possível vitória de Dilma, o editorial acrescenta que o apoio do jornal a José Serra "também se deve à convicção de que é ele quem tem a melhor possibilidade de evitar um grande mal para o país".
Segundo todas as enquetes, Dilma é clara favorita a vencer no primeiro turno nas eleições do dia 3 de outubro.
A última pesquisa, divulgada nesta sexta-feira pelo Ibope, aponta a candidata do PT com 50% das intenções de voto, contra 28% que obteria Serra.
No entanto, ao descontar o número de eleitores que manifestaram sua decisão de votar em branco, que são excluídos na apuração oficial, o Ibope disse que Dilma chegaria 55%, suficiente para que seja proclamada presidente sem necessidade de um segundo turno.
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